Cream Ale com Milho

INTRODUÇÃO

Salve, salve, galera!

 No post de hoje iremos acabar de uma vez por todas com esse preconceito com o milho. Faremos uma Cream Ale com milho. Então, vamos ver o que o BJCP nos indica sobre o estilo.

VÍDEO

 Antes de começar, gostaria de dizer que temos um vídeo no canal sobre essa breja, mostrando a brassagem, falando dos problemas que tive e fazendo a degustação. No seco, no duro, sem fingir que tudo foi perfeito.

BJCP

 O BJCP nos informa o seguinte sobre o estilo: 

  Direto e reto: é uma versão ale das American Lagers. 

Segue: uma cerveja fácil de beber e refrescante, com mais caráter que as American Lagers. Médio-baixo a baixo caráter maltado, com dulçor e aroma típico de milho. Níveis baixos de DMS são aceitáveis, mas não necessários. Aromas de lúpulo de médio-baixo a nenhum, podendo ser picante, floral ou herbal. Esteres são opcionais. Possui cor clara, com colarinho médio com carbonatação de média a alta. Retenção de espuma razoável. É brilhante, clara e translúcida. Amargor de baixo a médio-baixo, bem como dulçor de malte. Normalmente bem atenuada.

RECEITA

OBJETIVOS

 Quando projetei esta receita buscava trazer à tona coisas que o BJCP indicava, mas mostrando bastante o milho e explorando todo o potencial do grão. Então, fui simples: lupulagem de amargor em first wort e a 30' e malte pale e milho, somente. Para ressaltar o malte e trazer limpeza, usei a levedura American Lager da LevTeck, velha conhecida nossa aqui do blog. O resultado foi melhor do que esperava, mas vamos tratar primeiro da receita.

CARACTERÍSTICAS

 Tomando como base o guia de estilos BJCP, tem-se as seguintes características da cerveja:
  • OG: 1.048 (1.042 - 1.055);
  • FG: 1.012 (1.006 - 1.012);
  • IBU's: 15.1 (8.0 - 20.0);
  • EBC: 8.5 (4.9 - 9.8);
  • ABV: 4.70% (4.20 - 5.60%);
  • BU/GU: 0.310 (0.357 - 0.364);
  • Carbontação: 2.4 vols CO2 (2.40 - 2.90 volumes);

PERFIL DA ÁGUA

  Perfil base: água de Curitiba, fornecimento Sanepar - ETA Iguaçu;

Perfil alvo:
  • pH mostura: 5.3
  • pH lavagem: 6.0
  • Ca: 75.00 ppm
  • Mg: < 5.00 ppm (não ajustado);
  • Na: 20.00 ppm
  • SO4: 25.00 ppm;
  • Cl: 50.00 ppm
  • HCO3: 20.00 ppm

INGREDIENTES

 Não irei colocar quantidades, apenas porcentagens, assim você pode adaptar a receita para seu equipamento. Caso não tenha software para cálculos, recomendo o uso do site Brewer's Friend, onde pode planejar sua receita rápida e intuitivamente. Para acessar, clique aqui.

GRÃOS
  • 75% - malte pale ale;
  • 25% - flocos de milho (sucrilhos sem açúcar, que já é pré-cozido, logo gelatinizado. Pode usar milharina no lugar, contudo o risco de entupir tudo é de quase 100%);
LÚPULOS
  • 50% - lúpulo Cascade [6.40%] - first wort (90');
  • 50% - lúpulo Cascade [6.40%] - fervura (30');
LEVEDURA
  • LevTeck #Teckbrew 81 - American Lager (200bi de células/sachê);
ADJUNTOS
  • 1/8 de pastilha - Whirfloc-T - fervura (15');

PRODUÇÃO



MOSTURAÇÃO
  • 65°C - 90' - sacarificação;
  • 76°C - 10' - mash-out;
  • 75°C - lavagem dos grãos - até atingir a OG pré-fervura;
FERVURA
  • 60' de fervura intensa - com adição em first wort da primeira varga de lúpulo - 50% de Cascade - Amargor;
  • 30' - segunda adição de lúpulo - 50% de Cascade - Amargor;
  • 15' - adição da pastilha Whirfloc;
FERMENTAÇÃO
  • 14°C - 4d - propiciando atenuação geral limpa;
  • 17°C - 4d - propiciando maior atividade no final da fermentação;
  • 18°C - até atenuar (ou 2d) - para desprendimento  de compostos indesejáveis da fermentação, auxiliar consumo de subprodutos e último incentivo ao trabalho das leveduras (aqui se inicia a maturação)
MATURAÇÃO
  • 18°C - 2d - para auxiliar o consumo de subprodutos;
  • 3°C - 14d - para decantar sólidos;
CARBONATAÇÃO/MATURAÇÃO SECUNDÁRIA NA GARRAFA
  • 20°C - 10d - permite carbonatação completa e geração de mais aromas e seu arredondamento;

FOTOS



RESULTADOS

 Rapaziada do céu. Quis ressaltar bastante o milho e tive uma surpresa: ficou uma delícia. Uma cerveja muito limpa, tanto na aparência, como em aromas e sabores. A levedura lager fez seu papel, ressaltou o malte, deu perfil limpo e decantou lindamente. O malte pale ale trouxe a base e o milho fechou a cerveja. Deixou leve, refrescante, com uma cor linda e trouxe sua complexidade. Ficou uma cerveja padrão para verão, para oferecer para quem não costuma tomar artesanais. 
 Estou muito surpreso e com toda a cerveja irei repetir esta receita. Digo, com toda a certeza. Espero ter cessado este preconceito com o milho. Ele é um grão muito nobre, afinal, por séculos nossa espécie o usa para sobreviver, por que seria denegrido na cerveja? Não se deixem levar pelos boatos: experimentem!

Abraço a todos! Boas brejas e boas brassagens!

Cordialmente, Eric Carbobiach

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